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30 janeiro 2011

Fica Decretado...


Fica decretado que,
a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer,
o dia inteiro,
abertas para o verde
onde cresce a esperança.

Thiago de Mello



25 janeiro 2011

Pedaços de Mim


Te ofereci pedaços de mim
você recolheu e transformou em buquê,
te dei sorrisos tristes
você aceitou e transformou em poemas,
te dei joelhos trôpegos
você aceitou e transformou em estrada,
te dei mãos cansadas
você aceitou e transformou em abraços,
te dei beijos desacreditados
você aceitou e transformou em desejos,
te dei receios de sentir
você aceitou e transformou em amor.
Eliana Malpighi



23 janeiro 2011

É preciso remendar as rosas


É preciso remendar as rosas
Que foram rasgadas pela tempestade.
Esquecer o passado, arrancar,
Os sonhos acabados no jardim,
Deixar as dores, as cicatrizes
Tatuar a alma com novos sonhos.
Não evocar os desejos
De um amor proibido, inacabado.
Limiar a vida
Como se nada tivesse existido.
Ser a crisálida,
Sair do claustro,
Não se deixar arrasar pelas dores
De amores perdidos.
Jogá-los ao mar
Sem ressentimento,
Cada poesia tem seu dia,
Cada dor sua época.
Anjos não arrastam
Cipós nas asas,
As flores morrem.
Passou a tempestade,
Outro dia nasce,
Flores nascem depois da chuva
É tempo de …
Limiar


Autor desconhecido

Imagem 1 e 2- Chuvas em Santa Catarina por Cléber Gomes
Imagem 3: chuvas em Santa Catarina por Flávio Neves

18 janeiro 2011

Lira do Pôr do Sol


Volto na tarde sem brisa,
vou pelos túneis do tempo,
para ver se em algum atalho
encontro a manhã da infância,
cheia das rosas de maio,
cheia de andores azuis...

- Nas procissões da Esperança,
eu tinha pássaros na alma
e ramos verdes na mão...
Nossa Senhora da Glória!
ao longo das alamedas
quanta luz havia então!

Volto na tarde sem brisa...
Mas só encontro os presságios
dos nimbos que se aglomeram
da grande noite parada
no chapadão dos novembros...

-Em que atalho do passado,
em que alameda perdida
ficou a manhã da infância,
cheia de rosas de maio
cheia de andores azuis?

Antonieta Borges Alves
In Lírios de Pedra



14 janeiro 2011

Receitas de Roseana Murray


Se pudéssemos plantar palavras,
como se planta uma árvore,
tantos frutos invisíveis
contido sem seu silêncio,
tanta sombra ao meio-dia
em seu futuro,
palavras simples e quentes,
amor, pão, mel, encontro,
as sementes seriam aladas,
e o vento varreria o jardim,
então, pouco a pouco,
atravessando montanhas,
mares, cidades,
a paz cobriria o mundo


(Árvores in Rios da alegria)
Roseana Murray
http://recantodasletras.uol.com.br/resenhasdelivros/393809



09 janeiro 2011

Poente


Como sempre, o vento
caiu ao fim da tarde, com a calma
branca dos muros; 

e as horas estendiam-se pelo campo,
como os pássaros do poente.
Mas doíam-me as dúvidas
que trouxe deste dia; 

e colei-as às flores de uma árvore,
para que delas nasçam
os frutos luminosos de amanhã.
De noite, quando me esquecer
da ondulação verde da terra,
ouvirei o silêncio - e nas suas palavras
contarei as sílabas mudas do amor,
enquanto o mundo não acorda.

Nuno Júdice


"Guardo no meu bolso
um raio de sol
.
Hei-de usá-lo
quando vier o Outono
para amadurecer o silêncio
que levará o poema..."


Imagens da Ilha do Mel no Paraná, fotografadas 
pela amiga Lee Eilert

08 janeiro 2011

Somos Rios



Somos rios

somos águas
que extravasam
dores e alegrias.

Somos rios
nas noites nos dias
somos a água e a sede
somos no rio peixe na rede.

Somos rios
que secam lágrimas
somos a boca sedenta.

No rio de outra boca
que nos mata a fome
e a sede lenta.

Antonio Campos 06/01/2011





05 janeiro 2011

VIAGEM NO ESPELHO


Espelho, espelho meu
Diga a verdade
Quem sou eu?
Se às vezes me estilhaço
Se às vezes viro mil
Se quero mudar o mundo
Se quero mudar o rosto
Se tenho sempre na boca
Um gosto de água e de céu
Se às vezes sou tão só
Quando me viro do avesso
Se às vezes anoiteço
Em plena luz do sol
Ou então amanheço
Com vontade de voar
Espelho, espelho meu
Diga a verdade, quem sou eu?

Roseana Murray



03 janeiro 2011

Tua Voz


Tua voz tem o encanto 
de mil borboletas azuis,
traçando bordados no ar.
 Tua voz me fala de coisas
que o vento esqueceu,
segredos de primaveras,
cantigas de ninar sereias,
frases que murmuramos
quando nos faz falta o mar.

Álvaro Bastos




Quem sou eu

Minha foto
Gaúcha, nos pampas nascida Um grande sonho acalentei Morar numa ilha encantada Cheia de bruxas e fadas. Nessa terra cheia de graça Onde se juntam todas as raças, Minha ilha lança ao poente O azul espelhado da lagoa, O verde silêncio das montanhas, O rumorejar de um mar azul Que beija apaixonado a areia da Minha ilha de renda poética. Não importa se há sol ou chuva, A mágica ilha é sempre azul, Fica gravada na alma e Quem aqui vem sempre vai voltar, Para descobrir novos caminhos, Novos destinos, pois Esta magia nunca irá acabar.
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