.

.

28 fevereiro 2009

Soneto da Circunstância


Algo que escutas entre o mar e o vento
algo que perdes entre a onda e a areia
um vago instante de algum pensamento
à luz que há entre a chama e a candeia.

Algo entre o aroma, a brisa e o relento
fios que urdidos entre a aranha e a teia
vibram em mim de um átimo do tempo
a chama desse amor que me incendeia.

Em minh’alma inda incólume à deriva
nem sei o que fazer do que ainda resta
de meus barcos de bruma sobre o mar...

Faças de mim a tua circunstância viva
e desses restos me celebras uma festa
e o que ainda resta é para eu te sonhar...

A. Estebanez
Imagem: Internet

27 fevereiro 2009

Assim como....


Eu sei e você sabe
Já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe
Que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham a você.

Assim como o Oceano, só é belo com o luar
Assim como a Canção, só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem, só acontece se chover
Assim como o poeta, só é bem grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor, não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você!

Viníciu de Moraes

26 fevereiro 2009

Esperas


Quando penso em esperas, sempre penso em bancos.
Mas sempre em dois bancos.
Assim como quando penso em solidão,
sempre penso em bancos.
Num banco.
Assim, as minhas esperas são sempre a dois.
A minha solidão, às vezes não foi a um.
Mas poucas.
E já não me lembro. Agora, não.
Agora, quando penso em bancos,
penso em dois bancos.
Sempre. E espero.
Tornei-me numa impaciente
que gosta de esperar.
Se alguém vir alguma contradição nisto
eu posso explicar.
O meu problema está em saber
explicar o que sinto. Enquanto espero.
Ah, o tempo.
Só por acaso o tempo está cinzento.
Quando espero o tempo nunca está.
Nunca dou pelo tempo,
desde que aprendi a esperar.

Isabel Faria
Imagem: Internet

25 fevereiro 2009

Escrevi um Poema Triste



Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

Mário Quintana

E entre nós, era o mar. O mar perdido,
Longínquo, soluçante, ilimitado
E azul, como a canção de ser amado
E longo como o olhar em ti vertido.

Das nuvens o navio desmedido
Aumentava a distância e o som magoado
Do mar adivinhado era o gemido
Que em teu longo silêncio havias dado.

Ó mar sem termo, cessa tuas ondas
E o distante horizonte e esta amargura
E este verde soluço de ansiedade,

Até que sua música responda
E eu reconheça a voz amiga e pura
Vencendo a maré alta da saudade.

Bandeira Tribuzi
http://spleenbored-minhaspoesiasfavoritas.blogspot.com/
Imagem: Lapislavra

24 fevereiro 2009

Eclipse Lunar



Todos maravilhados e a sorrir
Esperando pacientemente pelo escurecer
Há tanto gozo em ver a lua esmorecer
Sentindo falta do brilho do sol.

Perguntar-se ia se a falta é o que dá
Brilho ao poeta
Se apagando-se uma luz lhe acende a poesia
Fazendo o gozo de quem a lê
Enquanto a sua alma e a lua ficam frias..

Jardson Fragoso
Imagem da Internet

23 fevereiro 2009

PIERROT


Eu, pierrô, encubro a alma
com trapos de fantasia.
Sob a máscara do rosto
mudo o pranto em alegria,
disfarçando a dor que sinto
por esta pesada sina
de não ser, na contradança,
par da linda Colombina.
Pelos salões, vejo em mim,
insano frangalho branco
com mil cores camufladas,
outro doido saltimbanco:
um caricato Arlequim
a bailar sem sua amada.

Tânia Melo
Imagem: http://nimbypolis.blogspot.com/

22 fevereiro 2009

As Colombinas


Lua cheia de fevereiro
Que ilumina o céu de carnaval
E as lágrimas que caem no meu rosto
São as cinzas da quarta-feira final

Mas antes do fim quero lançar perfume
Para tirar o carmim da boca das meninas
Porque eu sempre volto lá da boemia
Para os braços de quem me ama

E as colombinas da minha rua
Jogam confetes e serpentinas sobre mim
E não me canso de querer sempre mais
Mais do que a multidão comenta
E as colombinas da minha rua
Vão cantando versos de amor para mim

Paulo Antonio Barreto Junior

21 fevereiro 2009

CARNAVAL DA VIDA


Máscaras enfeitadas
De fitas multicores,
Mescladas de poesias,
Fantasias, alegorias,
Tentando esquecer a solidão,
Ornamentam o carnaval da vida.

Na paleta de meus sonhos
Confetes, purpurina, serpentinas
Misturam-se aos rostos que
Tento desvendar nesse
Vendaval de emoções.

Continuo a inóspita jornada,
Disfarçada numa grotesca
Máscara de ilusão,
Ansiando que os acordes
De um realejo toquem
Minha vida em palpitantes
Beijos de amor.

Marilândia Marques Rollo

20 fevereiro 2009


Podem levar o meu prato
O meu pedaço de pão
Podem roubar o meu fato
Esfarrapar o meu contrato
Porém o meu sonho não

Podem tirar-me o calor
O sono do meu colchão
Podem dobrar-me o suor
Arrancar o meu sabor
Porém o meu sonho não

Podem levar-me a guarida
As tábuas do meu caixão
Encomendar-me a dormida
Arrastar-me desta vida
Porém o meu sonho não

Podem privar-me de tudo
Até do meu ser corporal
E eu viverei contudo
Inteiro no conteúdo
Do meu sonho imortal


Luís Costa

19 fevereiro 2009


Eu queria ter feito um poema diferente...
Diferente de todos que já li.
Queria ser poeta não para dizer o que já vivi,
Mas para falar de sonhos sem pressa,
Fazer um retrato da alma,
De uma alma que não pertence a um dono
Mas integra-se na natureza,
Dilui-se no mar...
Queria cantar sentimentos
Que me brotassem na alma e
Trouxessem a calma perdida...
Queria ter escrito um poema
Mas fiz rabiscos sem rimas,
Brinquei com as palavras,
Depois fiquei tão cansada
Que adormeci sonhando contigo.
Descobri fechando os olhos que
A poesia não estava na letra morta
Mas no cheiro do teu corpo ao meu lado...

Sonia Schmorantz

18 fevereiro 2009


Mais um dia que passou.
Um dia qualquer que na
Espuma das ondas se lançou,
Aqui onde as ondas são mansas
Mais um dia como outro qualquer
Nem complicado, nem fácil,
Dia comum que inspira poema sem nexo.
Mais que um dia, uma repetição
Um dia sem explicação,
Como chuva que escreve coisas na areia
Para depois o mar apagar...
Porque hoje é um dia qualquer
O grito cala e a alma se controla,
Só o atrito da caneta marca o papel,
Um arrepio silencioso ao cair do dia,
Solidão que assombra até o fim das marés
De um novo dia qualquer...

Sônia Schmorantz
Imagem: Internet

17 fevereiro 2009


Carrego em meu canto
a procura
e os sonhos
de meus sentimentos.
Frustrado!...
Sinto também,
quando canto,
um vazio, sem eco.
Ainda, se canto,
me espanto
e percebo
o amargo abandono
de menino de rua
e a agonia da solidão,
sem texto.
Sinto, também, um fio
de desesperança
que me acompanha.
Como ao passarinho
que voa e canta,
em galho seco
de inverno,
e a nenhum outro
passarinho encanta
ou espanta.
É apenas uma ave,
somente uma ave,
que pensa cantar,
e canta, e canta, e canta...

João Costa Filho
Imagem: Anderson Araujo

Eu queria
A poesia
Que sintetizasse
Minha alegria
De ter você,
Seu beijo morno
Seu corpo em torno
Do meu, amor.

Mas não consigo
Por isso brigo
Com a palavra,
O metro, a rima
E o que arrumo
Sem pé, sem prumo,
É só um verso
Quebrado, amor.

José Magno

16 fevereiro 2009


Onde principia a tua pele,
nasce sempre um orvalho,
uma estrela de mel, gota de pólen.
Onde o teu corpo nasce,
exaltam-se todos os caminhos
na fúria de um êxtase puro,
calmo, predestinado à tua vida.
Onde teus olhos desenham o ar,
há sempre a festa de uma constelação
de pássaros a sustentarem os céus,
de milagres a guiarem os teus braços.

Por onde andares, por onde fores,
hás de levar sempre no íntimo,
como um veleiro a singrar
o fundo sem fundo dos teus sonhos,
todo o furor dos meus anseios,
toda a febre do meu desamparo.

http://www.arquipelagodosilencio.blogspot.com/
Imagem "Mulher" de Goya

15 fevereiro 2009

Quando digo que te amo


Quando digo que te amo
Não estou dizendo nada
Não encontro as palavras
Do tamanho desse amor

Quando digo que te amo
É o que estou sentindo
E o que existe de mais lindo
Aindo é pouco para este amor
E se alguém me perguntar
Se é possível medir o amor
Eu vou falar
Que é o mesmo que contar
Com um conta-gotas
Quantas gotas tem o azul do mar
Mas se você quer saber
O tamanho desse amor que é tão bonito
Eu não sei o que dizer
Pois não sei qual o tamanho do infinito

Quando digo que te amo
Eu ainda estou mentindo
Se o que digo de mais lindo
Ainda é pouco para este amor

Roberto Carlos e Erasmo Carlos

14 fevereiro 2009


Há certas almas como as borboletas
cuja fragilidade de asas não
resiste ao mais leve contato,
que deixam ficar pedaços pelos dedos que as tocam.
Em seu vôo de ideal, deslumbram olhos,
atraem a vista:
perseguem-nas, alcançam-nas,
detém-nas, mas quase sempre,
por saciedade, ou piedade,
libertam-nas outras vezes.
Elas, porém, não voam como dantes,
ficam vazias de si mesmas cheias de desalento...
Almas e borboletas,
não fosse a tentaçao das cousas rasas
o amor do néctar -o néctar do amor,
e pairaríamos nos cimos
seduzindo do alto admirando de longe!...

Gilka Machado
Imagem da internet

Dança Lenta


Gosto de ser a sombra que me lembra que,
apesar de noite, ainda há luz por apagar.
A sombra de mim, recolhida no silêncio e
na penumbra das horas que não contam.
Permanente doce ficar,
Dança lenta que não consome...
Dança lenta, roubada ao olhar.
Tumulto de espírito fugidio
No encontro da luz com a pele.

A sombra que me beija,
A luz que me engole.
Dança lenta...
Dança lenta...

Alun Ward
Imagem da internet

13 fevereiro 2009


Dá -me um mundo somente para mim.
Onde as estrelas são assim...
Brilham e não estão distantes.
Dá -me um mundo onde o passantes
Passam e visitam
Os bem - te - vis, flores,
Beija - flores.
E nesse mundo saberei o que sou.
Saberei onde estou.
Sem preconceitos.
Sem novos conceitos.
Cantar na chuva.
Comer a uva.
Ter braços abertos.
Ninho.
Dormir no amanhecer.
Ter...
Uma vida sem paralelas.
A luz de velas
Te amar.
No tapete persa
Estar bêbada
Sem remorsos.
Ficarmos nervosos
De querer viver numa noite
A vida de muitos dias.

( Mariléa Rezende )



Ontem é uma árvore de longas ramagens, e estou estendido à sua sombra, recordando.

De súbito, contemplo, surpreendido, longas caravanas de caminhantes... Com os olhos adormecidos na recordação, entoam canções e recordam. E algo me diz que mudaram para se deter, que falaram para se calar, que abriram os olhos atônitos ante a festa das estrelas para os fechar e recordar...

Estendido neste novo caminho, com os olhos ávidos florescidos de afastamento, procuro em vão interceptar o rio do tempo que tremula sobre as minhas atitudes. Mas a água que consigo recolher fica aprisionada nos tanques ocultos do meu coração em que amanhã terão de se submergir as minhas velhas mãos solitárias...

(Pablo Neruda, in Nasci para Nascer)
Imaagem> Solidão das árvores secas

12 fevereiro 2009


Da minha janela aberta para o mar
Invento um novo céu dos poetas
A liberdade dos sonhos livres
Está mesmo ali para mim
E eu não sei para onde vou

Extasiados neste mar acordam os astros
E na terra dormem já as novas estrelas
Trouxeram um céu aberto junto com elas
Os tempos trasladaram os poetas

Desvendam nas funduras
Naus perdidas, caravelas desviadas
Jardins alheados de outros sóis
Querubins entristecidos
E o foco da lua cheia não sabe o que isso é!

Maria Dolores Marques
Imagem da Lagoa da Conceição - Florianópolis
autor: Eduardo Poisl

11 fevereiro 2009


O mar me ultrapassa.
Mas ondas haverão de contar
Aos ouvidos que lá pousarem
Que um dia sonhei no mar.

O céu não vai se importar
Quando eu monge de meu hábito partir.
Mas estrelas enquanto restarem
Hão de lembrar
Que um dia me puseram feliz.

A terra , é fato, há de me subtrair.
Mas a árvore que me deitou raiz
E as cores
Que em meu tempo colhi
Estas eu levo comigo
Ninguém há de tirá-las de mim.

Fernando Campanella
extraido de:
http://spleenbored-minhaspoesiasfavoritas.blogspot.com/
Imagem de Lucia Simões

Desafio: Floripolitana de Coração


Gaúcha, nos pampas nascida
Um grande sonho acalentei
Morar numa ilha encantada
Cheia de bruxas e fadas.
Nessa terra cheia de graça
Onde se juntam todas as raças,
Minha ilha lança ao poente
O azul espelhado da lagoa,
O verde silêncio das montanhas,
O rumorejar de um mar azul
Que beija apaixonado a areia da
Minha ilha de renda poética.
Não importa se há sol ou chuva,
A mágica ilha é sempre azul,
Fica gravada na alma e
Quem aqui vem sempre vai voltar,
Para descobrir novos caminhos,
Novos destinos, pois
Esta magia nunca irá acabar.

Sônia Schmorantz
Imagem: Eduardo Poisl

Aceitando o desafio da minha amiga,
LY MARTE_do blog http://olhosmeuseteus.blogspot.com,
penso ter cumprido minha parte.

1. Este desafio consiste em escolher o nome da cidade, actual ou da antiguidade, cujo nome ache o mais bonito entre todos os nomes de cidades que você conhece.

2. Postar uma foto dessa cidade
3. Escrever algo, ou alguma referencia sobre a cidade escolhida.
4. Indicar três pessoas para fazerem a mesma coisa.

Os escolhidos para o cumprir são:

http://isa-momentosmeus.blogspot.com/
http://equilibrio-eu.blogspot.com/
http://minhailhameuberco.blogspot.com/
http://codinomebeija-flor-esfinge.blogspot.com/

10 fevereiro 2009


O que tu viste amargo,
Doloroso,
Difícil,
O que tu viste breve,
O que tu viste inútil
Foi o que viram os teus olhos humanos,
Esquecidos...
enganados...
No momento da tua renúncia
Estende sobre a vida
Os teus olhos
E tu verás o que vias:
Mas tu verás melhor...

(Cecília Meireles)
Imagem: Praia Mole de Eduardo Poisl

Leveza



Leve é o pássaro:
e a sua sombra voante,
mais leve.

E a cascata aérea
de sua garaganta,
mais leve.

E o que se lembra, ouvindo-se
deslizar seu canto,
mais leve.

E o desejo rápido
desse mais antigo instante,
mais leve.
E a fuga invisível
do amargo passante,
mais leve.

Cecília Meireles

09 fevereiro 2009


Vida leve feito canário,
O vento carrega consigo um ar de esperanças,
Numa vida inteira de pensamentos à vista,
Tudo eu posso e acredito
nas ventanias dos meus sonhos,
Num sonho leve, levado pelo sopro da vida.
Leve, carrego a esperança.

Gleidson Melo
Imagem de Eduardo Poisl

A Vida


A vida é o dia de hoje,
A vida é ai que mal soa,
A vida é sombra que foge,
A vida é nuvem que voa;
A vida é sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
E como o fumo se esvai:
A vida dura um momento,
Mais leve que o pensamento,
A vida leva-a o vento,
A vida é folha que cai!
A vida é flor na corrente,
A vida é sopro suave,
A vida é estrela cadente,
Voa mais leve que a ave;
Nuvem que o vento nos ares,
Onda que o vento nos mares,
Uma após outra lançou,
A vida – pena caída
Da asa de ave ferida –
De vale em vale impelida,
A vida o vento a levou!

João de Deus

07 fevereiro 2009

ESCUTA-ME


Não digas nada...
fica em silêncio,
enquanto me ouves dizer
que não quero viver sem ti.
Fica em silêncio e escuta-me
quando te digo
que te quero para sempre,
que te tenho no fundo de mim
entre doces e meigas palavras.
Não quero que digas nada
porque apenas te quero reter
na minha vontade de te amar.
E se quiseres dizer alguma coisa
diz-me só
que te queres perder dentro de mim
para que eu te possa guardar,
para sempre,
no calor do meu corpo.

Gabriela
http://semeiranembeira.blogs.sapo.pt/

Quero omitir
o que não te disse
no desrespeitar
nas longas esperas
dos faltosos encontros
quero omitir
as fúteis palavras
por mim emitidas
quero omitir
a amargura dos verbos
soletrados sem sentido
quero omitir
porque vamos recomeçar
trilhando os caminhos
nas procuras do mar

poema: poetaeusou

06 fevereiro 2009


Quando me aproximo do mar
tudo me parece aceitável.
As ondas são folhas que vão
a caminho da perfeição.
Perfeito é pois quem do tempo
tem a longa paciência —
também a tenho quando escuto
a nervura mágica de tudo,
um tudo feito de sombras
que amaciam a pedra luminosa
que todas as coisas são.
Saltando de estação para estação
como se o caminho se fizesse,
sereno, entre o mar e o céu.
As ondas que vejo cair
também as sinto nas areias de mim
como se tudo, na barca deste mundo,
fosse mar e luz.
Por isso a minha vida é intensa
e velha como a paciência
que não cessa de se renovar
no sangue da pedra, e das aves.

Casimiro de Brito
Imagem trapiche beira mar norte
Florianópolis

05 fevereiro 2009


Fiz versos azuis
Para cantar o céu e o mar,
Fiz versos de toda a cor
Para falar qualquer coisa de amor.
Fiz versos coloridos para falar
Do pôr do sol na minha praia.
Fiz versos de qualquer cor
Para espantar a solidão.
Fiz versos e mais versos
Para falar dos meus sonhos,
Dos pequenos caminhos,
Das penas e desilusões.
Apaga então as letras e sente
Apenas minhas impressões digitais:
Tua mão na minha
A pensar em nós...

Sônia Schmorantz
Imagem: fotoplataforma

Quando já nada é intacto
quando tudo na vida vem em pedaços
e por dentro me rebenta um mar
quando a cidade alucina
num luar de néon e de neblina
e me esqueço de sonhar

Quando há qualquer coisa que nos sufoca
e os dias são iguais a outros dias
e por dentro o tempo é tão voraz
Quando de repente num segundo
qualquer coisa me vira do avesso
e desfaz cada certeza do meu mundo

Quando o sopro de uma jura
Faz balançar os dias
Quando os sonhos contaminam
Os medos e os cansaços
quando ainda me desarma
a tua companhia
e tudo o que a vida faz
Em mim

Quando o dia recomeça
e a noite ainda te prende nos seus braços
e por dentro te rebenta um mar

Quando a cidade te esconde
e o silêncio é o fundo das palavras
Que te esqueces de gritar

Mafalda Veiga

04 fevereiro 2009


Às vezes, em dias de céu azul,
vejo barcos a partir no cais do tempo
- promessas de viagem fugidia -
e acenos de gaivota além do vento,

ouço nos búzios o longínquo mar
- ecos de saudade apaziguada -
e vejo praias banhadas de luar.

E às vezes
há o sonho...o sonho de ter
a voz das ondas e o riso das marés
de ser nereide e ter o mar...

Em dias de céu azul
- o sonho -
ser senhora do mar de lés a lés.

Maripa
http://omarmequer.blogspot.com/
fotografia de João Palmela

03 fevereiro 2009

Canção do Amor


Como hei-de segurar a minha alma
para que não toque na tua?
Como hei-de elevá-la acima de ti,
até outras coisas?
Ah, como gostaria de levá-la
até um sítio perdido na escuridão
até um lugar estranho e silencioso
que não se agita,
quando o teu coração treme.
Pois o que nos toca, a ti e a mim,
isso nos une, como um arco de violino
que de duas cordas solta uma só nota.
A que instrumento estamos atados?
E que violinista nos tem em suas mãos?
Oh, doce canção.

Rainer Maria Rilke

02 fevereiro 2009


Quem toca piano sob a chuva,
na tarde turva e despovoada?
De que antiga, límpida música
recebo a lembrança apagada?

Minha vida, numa poltrona
jaz, diante da janela aberta.

Vejo árvores, nuvens - é a longa
rota do tempo, descoberta.

Entre os meus olhos descansados
e os meus descansados ouvidos,
alguém colhe com dedos calmos
ramos de som, descoloridos.

A chuva interfere na música.
Tocam tão longe!
O turvo dia mistura piano,árvore, nuvens,
séculos de melancolia...

Cecilia Meireles

01 fevereiro 2009

DESPEDIDA


Que essa história não te deixe nenhuma ferida
e essa trajetória mal resolvida na sua memória
fique esquecida.
Que meus erros tu saibas perdoar e compreender
e minhas atitudes um dia sejas capaz de julgar e
entender.
Que se desvirtue dessa derradeira obsessão e seu
coração absorva-se diariamente da mais pura e
verdadeira paixão.
Que essas lágrimas presentes se transforme em
alegrias permanentes.
Que tu esqueça esse rancor e se entregue de
alma a um novo e imorredouro amor
E que nessa breve despedida tenha dignidade
de aceitar minha finita partida de sua vida...

Miguel Angelo

Quem sou eu

Minha foto
Gaúcha, nos pampas nascida Um grande sonho acalentei Morar numa ilha encantada Cheia de bruxas e fadas. Nessa terra cheia de graça Onde se juntam todas as raças, Minha ilha lança ao poente O azul espelhado da lagoa, O verde silêncio das montanhas, O rumorejar de um mar azul Que beija apaixonado a areia da Minha ilha de renda poética. Não importa se há sol ou chuva, A mágica ilha é sempre azul, Fica gravada na alma e Quem aqui vem sempre vai voltar, Para descobrir novos caminhos, Novos destinos, pois Esta magia nunca irá acabar.
free counters

.

.